É meia-noite, toca o despertador no interior da tenda. Começo a abrir o saco cama e sinto o frio a invadir-me o corpo. Não olho para o termómetro, prefiro confiar na minha intuição e não saber a temperatura real. Acordo o meu companheiro de tenda, equipo-me e encontro-me com os restantes para uma refeição leve e uma bebida quente, antes de arrancarmos para a subida do Arrow Glaciar. Bolas, está mesmo frio! Preciso começar a andar, estou ansioso e sinto-me a arrefecer. A ascensão vai durar-nos toda a noite, por um trilho exposto e talhado na austera rocha vulcânica. Ao amanhecer, lá pelas sete da manhã, contamos atingir o cume do Kilimanjaro. Aguarda-nos um dos mais belos espectáculos do mundo, o nascer do sol no tecto de África. Depois, restam-nos apenas mais umas horas a andar até ao acampamento da descida…
Kilimanjaro (5895m) - Tanzânia
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Algures no Paraíso?!
Após alguns dias no Campo Base é altura de descer, voltar ao vale húmido, à selva.
Nani olha para o outro lado da colina, ao longe reconhece o meu casaco vermelho.
Chego ao tea house exausto. À minha espera tenho chá quente e um delicioso chabat com geleia. Com o seu doce sorriso pergunta-me como estou e como estavam as coisas no Campo Base. Nani em breve partirá para a China, em busca de melhores condições de vida. Tenho vontade de a tentar convencer a ficar, tenho vontade de lhe dizer que aqui pode ter uma vida modesta mas digna. Tenho vontade de lhe dizer que mora no paraíso... Mas, aos olhos de Nani, qual será a definição de paraíso?
Olho para o trilho que se estende à minha frente. Dentro de uma semana estarei de volta a Kathmandu, Delí, e depois ao Porto.
Começo já a sentir saudades da solidão, da simplicidade e silêncio destes vales.
Chomrong, Nepal, Setembro 2006
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